Estudo mapeia efeitos das quedas de árvores em Piracicaba

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Mapa destaca as áreas com maior incidência de quedas de árvores em Piracicaba (Créditos: Divulgação)
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A arborização urbana, responsável por melhorar a qualidade do ar, proporcionar refrescantes sombras em dias quentes e deixar as paisagens urbanas mais atraentes, é também alvo de destruição e acidentes quando atingida por fenômenos climáticos. Considerando essa afirmação, Flávio Henrique Mendes, estudante de mestrado em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), decidiu estudar os desastres causados pelo vento e fortes tempestades e exibiu, entre os dias 16 e 18 de novembro, dados recentes de sua pesquisa no Congresso Brasileiro de Arborização Urbana (CBAU), realizado em São Paulo.

Orientado pelo professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ, o mestrando mapeou as áreas da cidade com maior índice de queda de árvores. “Entre os locais mais atingidos realçamos a região central e principalmente os bairros Nova Piracicaba e Vila Rezende, por conta da grande concentração arbórea, e os bairros com relevo elevado, como o São Dimas e São Judas. Além de analisar os casos do bairro Vila Independência”, ressaltou Flávio.

Segundo o pesquisador, vários aspectos da urbanização contribuem com as quedas. “Restos de obras, canteiros estreitos, a compactação do solo e alteração do Ph do solo são alguns fatores que afetam a sustentação das raízes e facilitam o acumulo de poluição no ar e faz com que as árvores fiquem com baixo vigor vegetativo”.

Durante a pesquisa, foram analisados os registros feitos pelo Corpo de Bombeiros de Piracicaba, entre janeiro de 2011 e maio de 2014, totalizando 275 casos. “Por meio da simulação microclimática realizada na Vila Independência, verificamos o comportamento do vento no local e conseguimos identificar pontos de maior turbulência, próximos a edifícios altos, capazes de alterar a direção do vento em mais de 15°, o que pode criar corredores de vento e tornar-se um agravante, dependendo da sanidade da árvore. Os dados fornecidos pela SEDEMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) também ajudaram complementar o estudo”, argumentou o mestrando.

 Com todo o estrago ocasionado pelos fenômenos climáticos, o pesquisador apresenta algumas técnicas e ações que podem minimizar os efeitos das quedas. “Cuidados no plantio, manejo do solo compactado, grandes canteiros em avenidas, inspeção frequente e atenção com as raízes, principalmente quando se mexe no leito carroçável (ruas), cujas raízes são afetadas.”

A falta de cuidados com o conjunto arbóreo pode, no entanto, continuar provocando prejuízos sociais, econômicos e ambientais. “As quedas podem danificar patrimônios públicos, cair em carros, atingir pessoas e provocar apagões por falta de energia elétrica”, finalizou.

A pesquisa teve contribuição de Thatiana Tominaga Higa, graduanda em Engenharia Florestal pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e de Jefferson Lordello Polizel, técnico de laboratório.

Texto: Ana Carolina Brunelli

Revisão: Caio Albuquerque (30/11/2015)

Palavra chave: 
Arborização Piracicaba Quedas de árvores